A proximidade que temos com o Papa Bento XV se dá, em parte, pela escolha do nome de um de seus sucessores. Essa escolha faz-nos lembrar com carinho de sua passagem pelo trono de São Pedro. Foi Joseph Ratzinger quem, ao dizer “sim” à escolha dos cardeais reunidos na Capela Sistina em 16 de abril de 2005, retomou com devoção um papado que foi marcado por um período muito conturbado em nosso mundo: a Primeira Guerra Mundial.
Depois de eleito, o Papa Ratzinger disse:
“Neste primeiro encontro, queria deter-me sobre o nome que escolhi como Papa: ‘Bento XVI’, para me unir, idealmente, ao venerado Bento XV, que governou a Igreja em um período atormentado pela Primeiro Guerra Mundial. Este Pontífice, corajoso e autêntico profeta da paz, trabalhou com grande esmero, antes, para evitar a tragédia da guerra e, depois, para restringir suas consequências nefastas”.
Eleição ao Trono de Pedro
Três meses após ter sido eleito cardeal o Arcebispo de Bolonha, Giacomo della Chiesa, falece o Papa São Pio X. O conclave de 31 de agosto de 1914 o elege Papa e ele escolhe o nome de Bento XV para reinar sobre a Igreja.
Desde o início do seu pontificado, os desafios já se anunciavam no horizonte: um mês antes de ser eleito, ainda com São Pio X governando a Igreja, em 28 de julho de 1914 a Áustria e a Hungria declaram guerra à Sérvia. A luta do Papa começaria a partir do seu “sim”.
A firmeza dos eleitos
8 dias após ser eleito ao Trono de Pedro, Bento XV manda publicar a exortação apostólica “Ubi primum” em que diz:
“Do trono apostólico, volto meu olhar a todo o rebanho do Senhor, que nos foi confiado. O imane espetáculo desta Guerra enche nossos corações de horror e tristeza, ao constatar que grande parte da Europa, devastada por ferro e fogo, é coberta com o sangue dos cristãos”.
O sangue e as orações dos cristãos, junto com a luta do Papa colocaram fim à guerra
Em 28 de julho de 1915, após a Itália entrar na guerra, Bento XV decide escrever uma exortação aos países do conflito. Nela, exorta-os de maneira clara a pôr fim a ele:
“Esta carnificina terrível há um ano difama a Europa. O sangue fraterno continua a derramar sobre a terra e nos mares”.
Tendo sido ignorado, o Papa não assistiu passivo ao derramamento de sangue na guerra e dois anós após o início do conflito, em 01 de agosto de 1917, envia uma carta ao líderes dos países em guerra, chamando-os a reflitir sobre o grave momento:
“Reflitam sobre a sua gravíssima responsabilidade perante a Deus e perante aos homens”.
“Chegou o dia que todo mundo esperava, por muito tempo, ansiosamente, e que a Cristandade invocou, com fervorosas orações, e nós, intérpretes do sofrimento comum, invocamos, incessantemente, para o bem de todos: as armas, finalmente, foram depostas”.
“Sejam adotadas decisões, com base nos princípios cristãos da justiça. Os católicos, que devem, com consciência, favorecer a ordem e o progresso civil, têm o dever de pedir ao Senhor a sábia assistência para os participantes na Conferência de Paz”.