Meus amados irmãos, após a longa preparação do tempo da quaresma chegamos à alegria da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo!
Ora meus amados irmãos, essa alegria que celebramos hoje é baseada na nossa fé. Afinal de contas, Cristo ressuscitou e ressuscitando ele nos mostra que também nós, um dia, iremos ressuscitar.
Evidentemente que devemos cumprir a vontade de Deus aqui neste mundo para que ressuscitemos com Ele para a glória.
Santo Agostinho, comentando esta festa da Páscoa, tem uma bela mensagem: ele diz que “estamos muito alegres esperando a vitória final”. Então, é uma alegria que brota da esperança. Mas quão grande será a nossa alegria quando estivermos na meta de nossa existência, quando estivermos na casa do Pai. Então a nossa alegria, hoje, é resplandecente e será muito maior quando estivermos lá no céu. Então temos, apenas aqui, um antegozo da alegria eterna que teremos na pátria celeste.
A ressurreição de Jesus é a celebração mais importante de toda a Igreja. Mais importante, ainda, do que o Natal, porque afinal de contas nosso Senhor Jesus Cristo veio até nós, assumiu a nossa carne para chegar até esse momento: morrer e ressuscitar, vencer a morte e nos dar a alegria que preenche os nossos corações.
Vejam meus amados irmãos que nossa alegria se baseia não num fato mítico, não numa lenda, não numa história habilmente criada, mas num fato real.
Os discípulos foram efetivamente testemunhas da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Durante 50 dias ele apareceu aos seus apóstolos, aos seus discípulos e os preparou para a grande missão que iriam iniciar posteriormente de pregar a palavra de Deus, de levar o evangelho a todas as nações. Mas vejam, meus amados irmãos, que este momento de Cristo ressuscitado foi gestado durante muitas gerações. Afinal de contas, Deus tinha desde toda a eternidade em seu doce coração o propósito de nos salvar, de nos enviar alguém que pudesse dar a pátria celeste a cada um de nós.
É claro que Deus, ao criar o mundo, considerava a possibilidade do pecado do homem e isso de fato aconteceu: Adão e Eva pecaram, comeram o fruto proibido. Em termos poéticos, expressos no livro do Gênesis, eles se rebelaram contra Deus, pensaram que podiam caminhar sem a graça de Deus, sem o auxílio de Deus. Com isso, foram expulsos do paraíso, perderam aquela conexão profunda que tinham com Deus, a presença do Espírito Santo em suas almas.
Mas vejam: Deus é um Deus de amor, misericórdia, um Deus que não desiste da sua criatura, um Deus que não desiste de nós. Nós somos tão amados e queridos que Deus ao longo dos séculos foi preparando a nossa salvação, cujo ápice é justamente o Senhor Jesus Cristo. Então, ao longo dos séculos, Deus escolheu o povo e preparou-o e desse povo nasceu Cristo salvador, nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que era anunciado pelos profetas e aguardado com ansiedade pelo povo de Israel. E vejam: numa árvore nós perdemos a comunhão com Deus (árvore do bem do mal do paraíso), mas numa outra árvore nós recuperamos a salvação. E que árvore é essa? A árvore da santa cruz, que possui duas hastes: uma vertical e outra horizontal. Nesta nova árvore, que substitui aquela árvore do paraíso, nós ganhamos a salvação. É claro que é sempre bom frisar que esta salvação depende da nossa comunhão com Cristo, não é automática. Não iremos automaticamente para o céu! Nós temos que conquistar essa salvação cumprindo fielmente a vontade de Deus aqui neste mundo.
Esta árvore nos dá um novo fruto: o cordeiro imolado, Jesus Cristo Senhor, representado aqui neste belíssimo círio pascal (aponta para o círio) com o cordeiro com a bandeira da ressurreição, com a fâmula que Jesus carrega em sua mão direita. Jesus expressa aqui, com esta bandeira, a sua vitória sobre o pecado, a morte e o demônio. Estão derrotados! Mas esta derrota será efetivamente cumprida em nossa vida se vivermos efetivamente, verdadeiramente em comunhão com o Senhor, nosso Deus.
A derrota já foi obtida, entretanto depende de nós viver ou não esta derrota de nossos inimigos em nossa vida.
A árvore da vida nos concede o fruto da salvação, o cordeiro imolado. E vejam: neste cordeiro imolado brotam sangue e água como podemos ver naquela bela imagem de Cristo misericordioso que está lá no fundo (aponta para o fundo da Igreja): raios de água e de sangue saem do coração aberto de Jesus. A água do batismo, que nos dá uma vida nova, que nos transforma, que nos faz filhos de Deus.
A nossa grande alegria está em sermos batizados, em pertencermos a Cristo, em estarmos novamente me comunhão com o Senhor. E esta comunhão é fortalecida pelo sacramento da Eucaristia, o corpo e o sangue do Senhor. A Eucaristia é representada pelo sangue que jorra do coração aberto de Jesus. A água do batismo que nos purifica de nossos pecados e que nos introduz na vida de Deus. O sangue de Cristo, o corpo de Cristo que nos fazem mergulhar profundamente na bondade e no coração de Deus.
Meus amados irmãos, alegremo-nos porque não estamos condenados a ficar no túmulo para sempre. Lá, não será a nossa morada, assim como não foi para Jesus Cristo, nosso Senhor. O túmulo nada mais é do que uma passagem, quando podemos evocar o termo “Páscoa”, Pessach em hebraico, que significa exatamente passagem. Então a morte para nós é também uma páscoa se cumprirmos, evidentemente a vontade de Deus. Então, nós teremos a páscoa definitiva um dia e passaremos para a terra prometida, a pátria celeste, a nossa casa definitiva na alegria e na paz por todo o sempre com Deus nosso Senhor.
O remédio de nossa salvação foi o batismo. É o remédio da vida eterna que é fortalecido pela santíssima Eucaristia.
Então, trazemos dentro de nós a vida eterna. É claro que é sempre bom frisar isso: depende de nós fazer florescer esta vida eterna dentro do nosso coração, na nossa vida. Para que um dia de fato façamos a passagem rumo a pátria celeste.
A Páscoa é esta grande alegria, é a nossa vitória. Cristo venceu e nós também somos vencedores e participamos da vida plena de Cristo. Basta que aceitemos sua santa vontade em nossa vida. Este é o nosso caminho: neste mundo nós caminhamos como o povo de Deus no deserto. Estamos indo em direção a terra prometida. Para eles era uma terra, uma localidade, para nós é uma presença de Deus eternamente junto a nós. Como o povo caminhou no deserto guiado por Deus, alimentado por Deus, nós também caminhamos alimentados e fortalecidos por Ele com a sua santa Eucaristia e um dia esperamos, não por nosso merecimento por que somos frágeis pecadores, mas pela misericórdia de Deus, receber a pátria celeste.
Alegria! Cristo ressuscitou!
Que nós também vivamos unidos a Cristo ressuscitado, já fazendo a experiência da vida eterna, antegozando a pátria celeste.
Uma Feliz Páscoa, meus irmãos e irmãs!
Que a alegria e a esperança preencham os nossos corações!
Amém!